Os estudantes brasileiros estão usando cada vez mais recursos de inteligência artificial (IA) para tarefas de aprendizado, mas ainda há pouca instrução de professores sobre o tema em sala de aula. Essa é uma das conclusões da nova edição do estudo TIC Educação, publicado nesta terça-feira (16).
A pesquisa é realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), que faz parte do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Além de avaliar o impacto já existente da IA no ensino, o estudo traz dados sobre a adoção de outras tecnologias por jovens, como smartphones e plataformas de vídeo.
Os resultados da 15ª edição do estudo TIC Educação, que contou com a participação de mais de 10 mil pessoas por meio de entrevista, podem ser conferidos no estudo completo no site do Cetic.br.
IA nas escolas
Em média, 37% dos estudantes que usam a internet e estão no Ensino Fundamental ou Médio dizem usar IA generativa para “realizar pesquisas escolares”. Essa proporção, entretanto, é bem diferente entre crianças de 6 a 10 anos de idade (15% das respostas) e do Ensino Médio (70% dos alunos), onde está a maior proporção de respostas positivas.
A resposta envolve o uso de plataformas como ChatGPT e Gemini, mas não se aprofunda sobre outras utilizações, como a capacidade de criar textos. Por outro lado, segundo a pesquisa, apenas 32% dos alunos do Ensino Médio (e 19% no geral) dizem ter recebido qualquer orientação nas escolas sobre “como aplicar a tecnologia em atividades de aprendizagem”.
Fora a ausência do conteúdo em sala, só 40% dos gestores escolares dizem que já fizeram reuniões com professores, funcionários ou pais e responsáveis sobre o uso de IA por alunos ou docentes. Essa é a primeira vez que o tema surge na pesquisa e, a partir das próximas edições, vai permitir estudos comparativos.
Celular na escola e apps de vídeo
Além da avaliação sobre IA, o estudo também detectou padrões interessantes no uso de outras tecnologias por alunos e professores das escolas brasileiras. Confira a seguir alguns destaques da pesquisa.
- A proibição do uso de dispositivos móveis durante a aula está ajudando na “redução de uso de telefones celulares pelos alunos” em todas as categorias de instituições, de colégios particulares a pequenas escolas da zona rural;
- 96% das escolas brasileiras possuem acesso à Internet, mas desigualdades no acesso ainda estão presentes: na rede municipal de ensino, só 27% dos alunos “utilizam a Internet para fazer atividades solicitadas pelos professores”;
- Os buscadores de internet (usado por 74% dos alunos) estão quase sendo ultrapassados por “canais e aplicativos de vídeo” (como YouTube e TikTok) para pesquisas escolares — esses serviços já são usados por 72% dos entrevistados;
- Fora da escola, os jovens usam a internet para fazer principalmente as seguintes atividades escolares: “buscar informações sobre uma matéria ou exercício que não entendeu bem” (86% dos entrevistados), “pesquisar para fazer trabalhos escolares” (84%) e “usar a Internet ou aplicações para praticar algo” (78%);
- Em média, 54% dos professores fizeram no máximo há 12 meses “atividades de desenvolvimento profissional contínuo” sobre o uso de tecnologias digitais para ensino e aprendizagem — como capacitação em plataformas, softwares e aplicativos de criação de materiais didáticos;
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