O mercado de eletrônicos no Brasil ficou especialmente movimentado a partir da década de 1970. Foram várias marcas nacionais virando referência em segmentos de computadores e consoles até eletrodomésticos, competindo em um espaço ainda limitado para companhias estrangeiras.
Um dos nomes de maior destaque a partir desse período foi a CCE, referência em áreas como televisores e sistemas de som. Porém, os produtos da companhia eram tão criticados quanto comprados pelo público e, depois de reviravoltas corporativas, se tornou um nome cada vez menos lembrado.
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A CCE passa a fabricar até mesmo as embalagens dos seus produtos, o que é visto de duas formas. Por um lado, ela garante maior controle de qualidade e segurança nos processos, mas aumenta custos e quantidade de etapas que exigem maior supervisão.
E, além dos lançamentos próprios, ela também se popularizou por importar marcas de áudio, como Kenwood, Sanyo e Orion.

Já em 2006, a fabricante fecha uma parceria com marcas como Intel, Microsoft e Qualcomm para entrar no segmento de desktops e notebooks. Essa é a subdivisão que ficou conhecida como CCE Info.
Mais tarde, ela foi seguida pela CCE Mobi, uma unidade focada no lançamento de smartphones.
A CCE tinha má fama entre o público?
A fabricante brasileira CCE ficou conhecida principalmente por apresentar alternativas de menor custo ao consumidor, com preços mais acessíveis até mesmo em comparação com outras empresas nacionais.
- Quem sonhava com uma TV de tubo ou um aparelho de som em casa e não tinha um grande orçamento tinha como primeiro aparelho algo da CCE.
- Isso foi aliado a um marketing poderoso e comerciais de sucesso na América Latina — a ponto de, na década de 1980, a CCE chegar ao primeiro lugar em vendas em aparelhos de áudio.
- Só que problemas frequentes até demais com esses modelos também geraram uma má fama entre a companhia, que passou a ser vista como uma empresa de qualidade técnica duvidosa.
- Até mesmo o seu nome passou a ser alvo de piadas, com CCE virando em brincadeiras “Começou Comprando Errado” ou “Conserta, Conserta e Estraga“.
Venda, revenda e fim
Já com bem menos espaço, a CCE conseguiu em setembro 2012 um negócio que parecia garantir a sobrevivência da companhia. A empresa brasileira foi adquirida pela gigante chinesa Lenovo, interessada em fortalecer a presença no segmento de notebooks no país
Naquele momento, ela estava em terceiro lugar no mercado, chegando a 7% somando as duas companhias.
Na época sob administração do grupo Digibrás, que é o nome do guarda-chuva de companhias da família Sverner, a CCE foi vendida por R$ 300 milhões na época. Segundo a própria Lenovo, os principais valores dela incluíam a experiência no varejo nacional, o conhecimento do consumidor brasileiro e fábricas na Zona Franca de Manaus.
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Só que esse casamento durou bem menos do que o esperado. Em outubro de 2015, a Lenovo encerra o pagamento de parcelas da aquisição e devolve o controle acionário da CCE para a família Sverner, o que inclui as fábricas e os direitos da marca.
Na época, a chinesa alegou que buscava “aprimorar sua eficiência operacional e a rentabilidade do negócio de PCs globalmente e no Brasil“. Ela manteve uma fábrica na em Itu e passou a usar a cidade paulista como local de produção de aparelhos próprios e da Motorola, que também passou para o seu controle anos antes.
No mesmo ano de 2015, ela deixou de lançar televisores com a marca CCE, encerrando a linha mais popular de produtos da marca. Mesmo com a empresa de volta às origens, a marca não seguiu em atividade.
O próprio site dela deixou de existir e não se encontra qualquer traço online da CCE — exceto quem ainda eventualmente tenha produtos antigos ou comprados do estoque restante. Do grupo como um todo, apenas a empresa de montagem de placas de circuito impresso Digiboard segue ativa e mais discreta em Manaus.

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