Apesar de pequeno na América do Sul, o mercado de dobráveis está despontando em boa parte do mundo. Inclusive, a expectativa das consultorias Canalys e Omdia é que 2026 pode ser o ano de virada, com os envios de remessas de smartphones dobráveis registrando um crescimento de mais de 26%. Já em 2027, a previsão é que mais de 33 milhões de unidades de dobráveis sejam vendidas ao redor do mundo.
Nesse cenário de aumento de interesse nesse tipo de aparelho, as marcas têm enxergado o Brasil como um dos melhores locais para a expansão neste mercado no continente. Isso se explica pelo fato de o Brasil ter a maior população e economia da região.
E tentando fisgar os entusiastas por esses dispositivos, a
Eu usei mais o modo tradicional da câmera e os resultados na média foram muito bons. Com um ambiente mais iluminado é possível conseguir ótimas fotos com uma boa cor. Em poucos casos eu percebi que uma cor ou outra da imagem ficou um pouco estourada. E uma coisa bacana é que as imagens ficam com bastante detalhe, apesar da falta de nitidez em alguns casos.
No caso das imagens à noite, o modo de captura que privilegia ambientes com pouca luz faz menos diferença do que deveria. Ele não consegue diminuir tanto assim a distorção dos brilhos, por exemplo, e não deixa necessariamente os objetos e pessoas mais visíveis.
Na lente telefoto, o Magic V3 tem um zoom óptico de 3x e um zoom digital de 100x. E como era de se esperar, os resultados das imagens ficam péssimos quando o zoom utilizado começa a passar ali dos 20 ou 30x. Nesse quesito, ele deixa a desejar e acaba tendo resultados parecidos com celulares intermediários, o que não deveria acontecer. Fotos registradas assim acabam sendo um grande borrão sem forma.
Só que uma coisa que ajuda muito na gravação com a câmera traseira é a visualização da tela de capa. Com essa função ativada, a tela externa mostra tudo que a lente traseira está capturando para que você consiga fazer uma foto ou vídeo melhor com o celular desdobrado.
Agora, indo para as câmeras frontais, o resultado volta a ser satisfatório. Quando as fotos são tiradas no modo retrato, o recorte de desfoque do fundo funciona bem desde que você esteja com o modo bokeh ativado.
No resumo, as câmeras do Magic V3 são boas, mas não são excelentes. Vale uma atenção principalmente quando você quiser fazer registros noturnos ou com as lentes frontais. Além disso, a recomendação é não tirar fotos com o zoom máximo da telefoto, já que vai sair tudo um borrão.
Vale a pena?
O Magic V3 é um grande feito do design, isso é inegável. Só que antes de pontuar mais algumas coisas, eu quero dar mais alguns detalhes sobre esse carinha aqui.
O flagship da Honor está sendo vendido aqui no Brasil com uma versão de 512 GB de armazenamento e 12 GB de memória RAM. Na parte do software, ele tem o MagicOS 8.0.1, que é baseado no Android 14. Durante o review, eu atualizei o aparelho para o MagicOS 9.0.
A interface é intuitiva, mas penei um pouco para me acostumar. Por mais que eu já esteja acostumado com sistemas operacionais de marcas chinesas, ter que me adaptar a duas telas não foi exatamente fácil. Para ser sincero tem muita coisa de personalização que eu acabei preferindo não mexer para não complicar ainda mais a interação, ainda mais que eu ia ficar com ele por menos de 1 mês.
Além de toda a resistência a impacto, o Magic V3 tem certificaçãoIPX8, que significa que aguenta respingos de água e teoricamente submersão até 2,5 metros por até 30 minutos na água doce. A certificação IPX8 é natural para dobráveis, mas não é o suprassumo. Esse tipo de classificação não resiste contra poeira, por exemplo. E isso deixa o aparelho bastante vulnerável principalmente nas partes móveis com dobradiças, então é melhor ter cuidado e além de usar capinha, garantir distância de areia e qualquer outro detrito.
Por último, para entrar na moda, como não poderia deixar de ser, o Magic V3 tem diversas funções de IA, incluindo até um menu próprio da Honor AI. E é engraçado que alguns desses recursos até já existem em outras marcas, como é o caso do Texto Mágico, que faz basicamente o que o Google Lens já faz e consegue extrair textos de apps ou imagens.
Ele também tem o Portal Mágico, que parece o Circule para Pesquisar do Google. Com ele, você seleciona uma parte da tela e consegue compartilhar ou pesquisar na internet. É bom falar que o Magic V3 já tem o Circule para Pesquisador do Google, que já é muito bom, então esses recursos acabam ficando meio inúteis.
Agora sim, vamos para os finalmentes. Eu começaria dizendo que o Magic V3 é uma maravilha do design. A construção do aparelho deixa sinais de um produto premium em cada detalhe, seja na tela, no módulo das câmeras, as laterais, tudo é muito não só bonito, mas durável. Só que para mim, a carcaça destoa um pouco do resto.
Ao mesmo tempo em que ele é ultra resistente, a bateria, processador e câmeras não acompanham essa qualidade. Com isso eu não quero dizer que o Magic V3 é ruim, muito pelo contrário. Ele é um ótimo aparelho, inclusive, ele é o melhor celular que eu já testei. É fácil indicar um smartphone desse tipo para quem tem dinheiro, já que ele faz praticamente tudo bem e ainda tem o benefício das duas telas.
Só que eu acho que a gente precisa ser crítico com um produto que chegou aqui no Brasil por R$ 20 mil, o que dá arredondado 13 salários-mínimos. Eu esperava um pouco mais de um smartphone que custa o que ele custa.
Em mais de uma oportunidade eu conversei com executivos tanto da próprio Honor quanto da DL, que é a empresa que realiza a importação dele para o Brasil, e em todas as ocasiões eles comentaram que o preço se deve a qualidade dos materiais. E faz até sentido. Em um dos papos, o diretor de comunicação da Honor até argumentou que o titânio, que está na câmara de vapor, não é um material massificado.
Obviamente o review do Magic V3 não caminha no sentido de analisar custo-benefício, já que essa é uma categoria que certamente ele ocuparia as últimas colocações. Só que eu acho que à medida que a gente enxerga cada vez mais a entrada de celulares caríssimos no mercado brasileiro, o nosso sarrafo crítico também precisa aumentar.
A única coisa que eu torço é para que os R$ 20 mil do Magic V3, os R$ 23 mil do Huawei Mate X6 e os absurdos R$ 33 mil do Huawei Mate XT Ultimate não virem o novo normal no nosso país. Porque se for assim, o mercado de dobráveis no Brasil já vai nascer morto.