Hackathon como alavanca de impacto social

Neste último fim de semana, fui mentor do Devs de Impacto no Rio de Janeiro — um evento realizado por iMasters, ApplyBrasil, OpenAI e NewHack que reuniu 20 times para criar soluções de inteligência artificial voltadas ao tema “insegurança alimentar”.

Insegurança alimentar não é só passar fome. É não ter acesso estável a alimentos nutritivos, a preços justos, de forma contínua. É o pequeno produtor que planta, mas não consegue escoar. É o morador de periferia que tem mercado perto, mas só com ultraprocessado. É o alimento que apodrece no caminhão enquanto falta na mesa de alguém.

Para quem não conhece o formato: hackathon é uma maratona de desenvolvimento onde times se formam no início do evento e passam o final de semana inteiro para sair do zero a um protótipo funcional.

Os mentores do evento reunidos. (Fonte: Arquivo pessoal)

O time vencedor, Vitallis, atacou um problema que é invisível: a burocracia que impede agricultores familiares de acessar os 30% da verba do PNAE destinados a eles por lei. A plataforma criada por Gabriel Pelinsari, Matheus Ribeiro, Maurício Azevedo e Paula Piva conecta produtores a editais de prefeituras e escolas, simplificando documentação de um lado e centralizando demandas do outro.

O formato hackathon força algo que muitas empresas erram no dia a dia: manter o problema como protagonista, não a tecnologia. Sem overengineering, sem escopo inflado. É quase um e-sport de resolver puzzles — só que os puzzles podem virar soluções reais. E nesse caso, não foi só o Vitallis que venceu: todos os 20 times ganharam ao tentar mudar o Brasil com tecnologia.

WhatsApp Image 2025-12-16 at 13.40.22.jpeg
A equipe vencedora. (Fonte: Arquivo pessoal)

Voltei pra casa com uma sensação que anda raríssima: a de estar num ambiente onde todo mundo — mentores, participantes, organizadores — estava genuinamente empenhado em resolver algo que importa. Não era sobre ganhar prêmio. Era sobre o problema. Talvez seja isso que hackathons de impacto social ensinam: quando o propósito é real, a energia muda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima