A Telebras firmou acordo com a empresa europeia SES, na terça-feira (4), que pode resultar no fornecimento de internet via satélite de alta velocidade para regiões remotas do Brasil. Sediada em Luxemburgo, a companhia é uma das principais rivais da Starlink, de Elon Musk, que já atua no mercado nacional.
O Memorando de Entendimentos (MoU) assinado pela estatal com a operadora prevê cooperação técnica e estratégica para a utilização da frota de satélites da marca. A ideia é avaliar soluções de conectividade crítica destinadas a políticas públicas de telecomunicações, especialmente inclusão digital e comunicações estratégicas.
Satélites de órbita terrestre média
Diferente da operadora de Musk, que utiliza a órbita terrestre baixa (LEO), a rede da SES atua com a órbita terrestre média (MEO). Neste caso, os satélites estão posicionados entre 2.000 km e 36.000 km de altitude, atingindo a “zona ideal” em relação a latência, cobertura e velocidade de transmissão, segundo a empresa.
- Esse tipo de operação exige uma quantidade muito menor de satélites para cobertura global, já que cada equipamento transfere a conexão para o próximo apenas uma vez por hora, enquanto na órbita baixa isso acontece a cada 10 minutos;
- A alta taxa de transmissão é outra vantagem da tecnologia, podendo chegar a gigabits por segundo, superando a oferecida pelos satélites LEO;
- No caso do Brasil, estima-se que a velocidade de conexão da internet via satélite da SES será de 1 Gbps, conforme o presidente da Telebras, André Leandro Magalhães;
- Por outro lado, a conexão fornecida por meio da órbita terrestre média conta com latência ligeiramente maior do que a órbita baixa, o que pode ser ruim em determinadas situações.
A operadora europeia é dona das constelações 03b e 03b mPOWER que funcionam com gateways terrestres da empresa e têm compatibilidade com os hospedados pelos clientes. A rede alcança cobertura de 96% do planeta, chegando a um público de aproximadamente 7,5 bilhões de pessoas.
É válido destacar que Telebras e SES já possuem cooperação no uso do satélite SES-17 na banda Ka, no Serviço de Atendimento ao Cidadão (GESAC). Com o novo acordo, a parceria será ampliada, levando internet via satélite para órgãos públicos e cidades que dependem de maior capacidade de conexão.

Testes durante a COP30
Com o acordo, serão realizados testes e provas de conceito da conectividade no território nacional, incluindo demonstrações acontecendo durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). O evento começa na próxima segunda-feira (10), em Belém (PA).
Os satélites MEO vão fornecer comunicações seguras para o governo federal em meio à conferência, para uso pela infraestrutura crítica e em operações de segurança pública. Embora o memorando não tenha caráter vinculante, não se descartam futuras parcerias associadas à política de soberania digital.
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