Israel utilizou servidores da Microsoft para espionar milhões de palestinos

A Microsoft é a segunda maior empresa do mundo, e além de todo poderio financeiro, é conhecida como mãe do Windows, do Xbox, de franquias gigantescas, por ser a obra-prima de Bill Gates, e também por ajudar Israel na guerra contra os palestinos. Pelo menos, é isso que sugere uma extensa apuração do jornal The Guardian.

Segundo fontes militares de Israel e da Microsoft ouvidas pelo veículo britânico, a empresa teria cedido seus servidores da Azure para que uma divisão de inteligência do país espionasse cidadãos palestinos. Ao que tudo indica, milhões e milhões de ligações dessas pessoas foram gravadas e armazenadas nos data centers da Microsoft.

  • Entenda:

Uma das fontes aponta que o sistema escaneou todas as mensagens enviadas entre palestinos na Cisjordânia e atribuiu um grau de risco a elas. O sistema ficou conhecido como “noisy messages” (mensagem com ruído, em tradução livre), e identificava mensagens a respeito de armas e mortes.

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Guerra entre Israel e Palestina já matou entre 46 e 64 mil pessoas (Imagem: GettyImages)

Embora Satya Nadella não soubesse exatamente quais eram as intenções da Unidade 8200 quando o acordo foi tratado, os engenheiros da empresa devem ter ficado sabendo meses depois. “Você não precisa ser um gênio para descobrir isso”, escreveu uma fonte ao citar o fato que a Unidade contatou a Microsoft para dizer que os servidores já estavam lotados. Em especial, lotados de arquivos de áudio.

Apesar disso, a diretriz na Microsoft é que seus funcionários que trabalhavam no projeto não citassem a Unidade 8200 nominalmente. Certos arquivos indicam que em julho deste ano, servidores da empresa nos Países Baixos possuíam cerca de 11.500 terabytes de dados militares — algo equivalente à 200 milhões de horas de arquivos de áudio.

A leva de arquivos ainda sugere que a Unidade 8200 planejava mover cerca de 70% dos seus dados para os servidores da Azure ao longo do tempo. O repositório de informações da inteligência teria sido usado para pesquisa e identificar alvos que futuramente seriam bombardeados por Israel.

Microsoft e Israel negam

Em contato com um representante da Microsoft, o porta-voz explicou não haver informações sobre os tipos de informações que a Unidade 8200 armazena em sua plataforma de nuvem. “O envolvimento com a Unidade 8200 tem se baseado no fortalecimento da segurança cibernética e na proteção de Israel contra ataques cibernéticos de Estados-nação e terroristas”, comenta o porta-voz.

Questionado sobre o encontro de Nadella e Sariel em 2021, o representante revelou que o CEO participou somente por dez minutos no final da reunião e não foi conversado sobre a possibilidade da unidade mover seus dados para a Azure. Todavia, registros internos da Microsoft vistos pelo The Guardian indicam que Nadella ofereceu “apoio à aspiração de Sariel”.

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Eventos da Microsoft Satya Nadella e outros figurões já foram alvos de protestos (Imagem: GettyImages)

O veículo também contatou o próprio Sariel, que passou os questionamentos para as Forças de Defesa de Israel (FDI). A entidade revelou que sim, trabalha com companhias como a Microsoft, mas tudo é baseado em “acordos legalmente supervisionados”. “As FDI operam de acordo com o direito internacional, com o objetivo de combater o terrorismo e garantir a segurança do estado e de seus cidadãos”, comenta o órgão.

  • Ainda conforme os registros, a Microsoft viu essa como uma oportunidade extremamente lucrativa para o Azure;
  • O sistema consegue armazenar as ligações de palestinos por aproximadamente um mês, mas é possível aumentar essa duração;
  • Fontes apontam que essa tecnologia também impediu ataques mortais contra tropas israelenses no conflito;
  • Porém, o sistema de espionagem falhou em não prevenir o ataque do Hamas que vitimou mais de mil pessoas e resultou no sequestro de outras 240 em 2023;
  • Sariel renunciou ao seu cargo no ano passado, aceitando a responsabilidade pelo “fracasso” na operação de inteligência da Unidade 8200.

Para mais informações sobre segurança, privacidade e tecnologia militar, fique de olho no site do TecMundo e não perca nenhum detalhe.

 

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